Coronavírus e a Melhora da Poluição no Mundo

Com o avanço da pandemia provocada pelo coronavírus, muitas cidades em todo o mundo adotaram a quarentena ou campanhas estimulando que as pessoas não circulem sem necessidade.

Uma situação difícil, com consequências negativas para todos. Mas, entre os resultados desta nova organização social que estamos vivendo é bastante positivo e importante: pesquisadores dedicados a estudos sobre a poluição do ar têm dados de que a qualidade do ar que respiramos esta melhorando significativamente.

Para especialistas, o ar mais puro evita surgimento ou agravamento de outras doenças respiratórias durante o coronavírus

Há menos transporte e menos produção. Em países paralisados pelo coronavírus, a população respira melhor graças à redução da poluição do ar, mesmo que ainda seja muito cedo para medir os efeitos a longo prazo.

As imagens de satélite da Nasa são eloquentes: em fevereiro, a concentração de dióxido de nitrogênio (NO2), produzido principalmente por veículos e usinas termelétricas, caiu drasticamente em Wuhan, cidade chinesa epicentro da pandemia de Covid-19. De vermelho/laranja, o  mapa ficou azul.

Já em Nova York, as emissões de monóxido de carbono oriundas de automóveis diminuiu 50% em comparação ao ano passado, segundos dados de pesquisadores da Universidade de Columbia revelados à BBC. Faz sentido, já que o tráfego da cidade caiu em 35% com a chegada do coronavírus. Além do monóxido de carbono, pesquisadores descobriram que o dióxido de carbono diminuiu em até 10% e o metano também apresentou quedas – ambos são gases de efeito estufa que intensificam o aquecimento global.

Dados mostram que a Itália – o país que mais sofre com a doença atualmente, ultrapassando a China em número de mortes – também viu seus níveis de poluição caírem drasticamente, como consequência do isolamento social obrigatório e o fechamento de estabelecimentos e fábricas.

Impactos de Curto Prazo

Qual a importância destes impactos de curto-prazo para a poluição atmosférica? De acordo com pesquisadores da Universidade de Stanford, essa queda variou de um quarto a um terço nos níveis de poluição do ar em comparação ao mesmo período do ano passado.

Segundo Marshall Burke, um dos pesquisadores, estes números podem salvar a vida de cerca de 4 mil crianças abaixo dos 5 anos e de mais de 70 mil adultos, apenas na China. Estes seriam as mortes provocadas pela poluição do ar no país, caso os índices se mantivessem os mesmos.

Marshall no entanto é categórico em dizer que a pandemia não pode ser considerada uma boa notícia de maneira nenhuma. Ele explica que junto com ela vem um série de consequências muito negativas para a economia e para o desenvolvimento social que também provocam grandes perdas.

No entanto, os dados referentes à diminuição da poluição atmosférica são muito reveladores em outro sentido. “Estes cálculos nos lembram das consequências que o nosso modelo de vida tem na saúde das pessoas, o alto custo ambiental, social e humano do nosso modelo de sociedade”, explica o cientista.

Fonte: Exame